NITEROI / RJ - sábado, 27 de abril de 2024

Sarcopenia e seus riscos

 

 

 

                                     

 

Sarcopenia e seus riscos

  • Introdução 

            A palavra sarcopenia tem origem grega e está relacionada com o declínio da massa muscular: SARX = CARNE, PENIA = DEFICIÊNCIA.

            A sarcopenia é um problema altamente prevalente na população acima de 65 anos e que tem impacto negativo, em termos de declínio funcional e suas consequências. Apesar disso, ainda não há um claro entendimento de sua fisiopatologia nem existe marcadores clínicos ou biológicos precisos que permitam sua identificação.

          Existe uma estimativa conservadora de prevalência, em que a sarcopenia afeta, atualmente, mais de 50 milhões de pessoas, e esse número deverá ultrapassar 200 milhões nos próximos 40 anos.

 

  • Definição   

       O Consenso Europeu classifica sarcopenia como uma síndrome geriátrica progressiva, definida como uma perda de massa, força e função musculares, relacionada à idade.

             A nova definição científica de "síndromes geriátricas" serviu de estímulo para que os autores fizessem uma revisão da literatura atual sobre sarcopenia e afirmassem que a sarcopenia não pode ser considerada uma doença do envelhecimento, mas sim uma verdadeira síndrome geriátrica. Mais de 50% da população acima de 80 anos sofrem dessa condição clínica, que está ligada a múltiplas causas. O próprio processo de envelhecimento, a susceptibilidade genética, certos hábitos de vida, mudanças nas condições de vida e várias doenças crônicas estão relacionados com a sarcopenia. Além disso, a sarcopenia está relacionada com transtornos da marcha, quedas, incapacidades físicas, dependência, má qualidade de vida e morte.

 

  • Causas

          A sarcopenia possui sua base etiológica primária na perda de massa muscular associada com o envelhecimento. Este por sua vez, está relacionado às alterações endócrinas, neuromusculares, metabolismo proteico, entre outros relacionados ao envelhecer. Outros fatores também relacionados à sarcopenia estão: atividade física, doenças crônicas e nutrição.

  • Idade

       O processo fisiológico do envelhecimento, conhecido como senescência, é caracterizado pela intensa perda de massa muscular.

          As alterações celulares, com a idade, faz com que as fibras musculares, responsáveis pela contração rápida (tipo I) diminuam muito, em relação às fibras de contração lenta (tipo II), diminui também o estímulo nervoso para a contração muscular. Com isso havendo uma diminuição da massa muscular e da força contrátil.

  • Atividade física

              A inatividade física é um importante fator para a sarcopenia e exacerba a perda de massa muscular associada ao envelhecimento. Homens e mulheres idosos com menor atividade física têm também menor massa muscular e maior prevalência de incapacidade física.

  • Fatores nutricionais

          A nutrição é considerada fator chave no desenvolvimento ou progressão da sarcopenia. Insuficiente aporte calórico e/ou proteico impacta na massa muscular total e consequentemente propicia a síndrome.

         A baixa ingestão alimentar, frequente na população idosa, promove comprometimento no aporte de macro e micronutrientes e consequentemente mobilização da massa  muscular corporal para obtenção de energia. Este movimento acarreta depleção das reservas e suscetibilidade à sarcopenia.

  • Classificação da sarcopenia

             A sarcopenia é classificada em diferentes estágios pelo Grupo de Trabalho Europeu sobre Sarcopenia em idosos (EWGSOP) em seu consenso publicado em 2010.

         Os estágios são dependentes da tríade: força muscular, massa muscular e desempenho funcional.

  • Pré-sarcopenia: perda de massa muscular sem impacto na força muscular ou no desempenho físico
  • Sarcopenia: perda de massa muscular e diminuição da força muscular ou do desempenho físico
  • Sarcopenia Severa: perda de massa muscular, diminuição da força muscular e do desempenho.
  •  Consequência da sarcopenia

      A sarcopenia está associada às consequências clínicas debilitantes, devido ao comprometimento frequente da mobilidade e independência. Estudos recentes têm demonstrado a associação da perda de massa e força muscular com desfechos clínicos desfavoráveis, tais como: restrição ao leito, hospitalização, institucionalização e aumento da mortalidade. 

 

  • Tratamento

          O tratamento da sarcopenia é baseado na combinação de condutas dietéticas e físicas. o exercício físico (aeróbico e contra resistência), combinado a uma ingestão adequada de proteínas e calorias, são os componentes chave da prevenção e tratamento da síndrome.

           Nada substitui a prevenção. É importante a identificação do estágio pré-sarcopenia para que a intervenção seja realizada o quanto antes possível  e a reversão do quadro seja possível.

 

Os dados deste artigo tem origem do Núcleo de Estudos Clínicos em Sarcopenia (UNIFESP)