NITEROI / RJ - domingo, 28 de abril de 2024

Risco Cardiovascular

 

 

Avaliação dos Fatores de Risco Cardiovascular 

 

 

A população mundial envelhece a cada dia. Hoje a população brasileira já passa de 70 anos e com envelhecer aumenta a prevalência das doenças crônicas como: diabetes, hipertensão arterial, insuficiência cardíaca e renal, doença vascular obstrutiva periférica, doença das artérias coronarianas e as síndromes demenciais (já sabemos que tem relação com o risco cardiovascular).

Com o aumento da tecnologia houve um “melhoramento” no armazenamento e processamento do alimento e uma melhor distribuição e oferta do mesmo à população, sem garantir as mesmas quantidades de nutrientes que o alimento in natura. Este tipo de alimentação tem relação direta com todas as doenças cardiovasculares. As facilidades desta mesma tecnologia, fez com que a população se movimentasse menos tornando sedentária. Sem contar com as cobranças que recebemos de várias direções: trabalho, família, vida social e achar que temos que ter que progredir socialmente sem um limite definido. Com isso o nosso nível de stress aumenta em muito e prejudicando todo nosso funcionamento hormonal e favorecendo as doenças cardiovasculares. Não o bastante, a taxa do tabagismo e do consumo de álcool na população geral, desde a juventude e até mesmo da infância ainda se encontra em nível muito elevado, agravando as doenças cardiovasculares com o decorrer da idade.

Com o avanço da medicina, melhorou muito a identificação dos Fatores de Riscos para doenças cardiovasculares, favorecendo o reconhecimento das pessoas com maior chance de desenvolver a doença cardiovascular. Existem os Fatores de riscos modificáveis e não modificáveis:

Não Modificáveis

1.      Predisposição Genética: hoje sabemos que pessoas que tem predisposição genética para determinadas doenças (hipertensão, colesterol elevado, diabetes, aterosclerose), não necessariamente desenvolverá a doença cardiovascular. Isto vai depender em muito do estilo de vida que o indivíduo terá.

 

2.      Poluição do Ambiente: a poluição ambiental está relacionada diretamente as nossas patologias. Trabalhos recentes mostram que a poluição ambiental é tão danosa ao organismo quanto o tabagismo. Hoje a poluição está tão entranhada em nosso dia-a-dia, que a torna, atualmente, muito difícil em modifica-la.

 

Modificáveis

1.      Obesidade: o índice de mortalidade e morbidade entre os indivíduos obesos, em relação à doença cardiovascular, é muito grande. Devido a isto, países desenvolvidos lançam campanha nacional de combate à obesidade. Não somente os desenvolvidos, mas os em desenvolvimento como o Brasil. Esta campanha está focada principalmente nas crianças. A obesidade é a maior causa de hipertensão arterial e diabetes, sendo determinante na morbidade e mortalidade cardiovascular.


 

2.      Sedentarismo: Como dito acima, com o avanço da tecnologia o sedentarismo aumentou muito e é discutido até em filmes infantis (Wall.E – Disney). Hoje deixamos de andar pequenas distâncias a pé ou de bicicleta para utilizar o carro. Mesmo ao andar de bicicleta as pessoas já estão preferindo a bicicleta elétrica. Estão enganando aquém?

 

3.      Alimentação: Praticamente toda a população sabe o que faz bem e mal, ao se alimentar. Pela praticidade dos alimentos processados, eles acabam sendo os preferidos e os mais danosos ao nosso organismo. Eles contêm alto nível de gordura saturada e trans, açúcar e sal. Estes três elementos estão altamente relacionados à doença cardiovascular.

 

4.      Tabagismo: Não se tem dúvidas da agressão que o tabaco faz no nosso organismo, mesmo assim o consumo é alto e a incidência entre os jovens persiste elevada. O lobby das empresas de tabaco em todo mundo é muito poderoso, conseguindo alterar decisões políticas com liminares judiciais e alterar votações nos congressos pelo mundo (o “poder” do dinheiro). A última no Brasil foi reverter uma determinação do Ministério da Saúde, em proibir o uso de aditivos no cigarro para modificar o cheiro.

 

5.      Stress: Todos sabem o quanto ele faz mal, o quanto modifica o nosso equilíbrio metabólico, o quanto envelhece nossas artérias, mas a maioria das pessoas se torna “escrava” dele. Com o avanço da neurociência, hoje já temos como conseguir identificá-lo e usar de estratégias para nos livrar dele.

 

6.      Tratamento: O tratamento “ideal” da hipertensão arterial, diabetes e colesterol diminui muito a incidência da doença cardiovascular, fazendo com que as pessoas possam envelhecer com diminuição e/ou ausência das complicações da doença cardiovascular.

 

É muito importante sabermos quais são os nossos Fatores de Riscos, pois assim é mais fácil tentar modificá-los e com isso diminuir as complicações, advindo das doenças, que o compõem.

A visita ao médico clínico é a primeira medida a ser tomada. Com ela o paciente consegue identificar e montar uma estratégia, junto com o clínico, para modificar estes fatores (listados acima).

Além da anamnese, que obtém toda a história médica do paciente, tem outros métodos para identificar estes fatores.

  • ·         Exames Laboratoriais: A determinação da glicose, hemoglobina glicada, lipidograma, PCR, enzimas hepáticas, entre vários outros.
  • ·         Exames de Imagem: ecocardiograma, ecodoppler arterial (carótidas e vertebrais), RX tórax e mais complexos como Tomografia e Ressonância Magnética.
  • ·         Cateterismo Arterial: Método que temos que deixar como última opção, devido à agressividade do método invasivo.
  • ·         Eletrocardiograma
  • ·         Índice Tornozelo-braquial: Este método é de fácil execução, realizado na própria consulta médica, onde se obtém a relação da pressão arterial entre os membros inferiores e superiores. Dependendo do valor podemos classificar o paciente com baixa ou alta probabilidade de evento cardiovascular. Este método dever ser empregado antes dos outros métodos de imagem, devido a sua simplicidade e alta sensibilidade.

Não podemos esquecer que o mais importante é a anamnese pelo médico e o exame clínico (incluindo o Índice Tornozelo-Braquial). Os outros exames são complementares, não havendo necessidade sempre em solicitá-los.

            A modificação dos Fatores de Riscos é de inteira responsabilidade do paciente. Vai depender de sua determinação em modifica-lo. O médico é quem vai ajuda-lo e orientá-lo, mas o resultado é dependente do paciente.


Espedito Carvalho